“E Davi teve intenso desejo e disse: Quem me dera beber água do poço de Belém que está junto à porta!” II Samuel 23:15
01. Davi, o ´belemita’ (I Samuel 16:18), pois nasceu na cidade de Belém, passou parte de sua infância e adolescência ali e bebeu muito da água desse poço. Mais tarde, depois de vencer o gigante Golias e ser obrigado a fugir do rei Saul por causa dos seus ciúmes doentios, fez, inicialmente, o seu QG, refúgio e abrigo, na caverna de Adulão (I Samuel 22:1-4). Ali se ajuntaram a Davi “homens em apertos e endividados e todos os amargurados de espírito e Davi se fez Capitão deles, em torno de 400 pessoas”, v.2.
02. Imaginar e avaliar um líder coordenando um grupo assim: homens de nomes sujos no “SPC” e “Serasa”, homens sem credenciais e sem créditos! Um exército, espiritual e moralmente desqualificado! Mas Deus fez um grande milagre com todo esse pessoal, pois o Salmo 113 diz que “Deus levanta, do monturo, o necessitado e o faz assentar com os príncipes” (versos 7 e 8). Deus sempre faz uma coisa nova, consoante Isaías 43:18-19: “Não vos lembreis das coisas passadas, e nem considereis as antigas. Eis que faço uma coisa nova”.
03. I Samuel 23:8 começa a mostrar a relação dos 30 valentes de Davi que se ajuntaram a ele na caverna de Adulão e com os quais Deus realizaria grandes livramentos sob o comando de Davi. Cf.: II Samuel 23:10 e 12.
O texto de II Samuel 23:14 a 17 mostra um acontecimento especial, pois, quando Davi expressou o seu forte e intenso desejo de beber da água do poço de Belém, três poderosos ou valorosos (heb.: ghiborim) homens, sob o risco iminente de morte, romperam o acampamento dos filisteus e pegaram água da cisterna. E quando a entregaram a Davi, recusou-se a bebê-la, como que vendo, na mesma, o sangue sacrificial daqueles três valentes e disse: “Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça” (v.17)
04. E preciso, às vezes, romper o “acampamento dos filisteus” para obter vitória. Ter a coragem firme e determinada para vencer barreiras, obstáculos e oposições! A atitude desses três valentes foi espontânea e, na verdade, Davi não pediu nada disso a eles, mas os mesmos agiram num espírito serviçal e leal para com o seu líder.
05. É aqui que se afirma que Davi fez, da Caverna de Adulão, um Tabernáculo Sacerdotal. Sempre honrou ao Senhor com aquilo que tinha em sua mão: uma simples harpa, uma insignificante funda, uma espada especial, e, agora, uma bilha com um pouco d’água e, num futuro próximo, o cetro, a coroa, ou mesmo, o seu trono!
06. Davi sempre invadia a graça! Ele fez coisas no Antigo Testamento que só pela graça poderiam ter sido feitas, senão seria fulminado! E agora, Davi faz da caverna de Adulão, um Tabernáculo Sacerdotal e já antecipava o que também declararia em II Samuel 24:24 – “Porque não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que não me custem nada”.
07. Houve o sacrifício dos três homens e Davi derramou a água, como faziam os Sacerdotes, ao redor do altar, como libação ou aspersão ao Senhor (Levítico 3:17; Deuteronômio 12:24; 15:23). Ele enxergou, com facilidade, um verdadeiro sacrifício dos três homens, expondo as suas vidas à morte; aquela preciosa água tinha valor de sangue – ofereceu-a ao Senhor! E, aqui, é oportuno lembrar expressão semelhante à de Paulo, usando o termo aspersão, derramando a sua própria vida ao Senhor: Filipenses 2:17 e II 2ª. Timóteo 4:6 (o exemplo de Jesus: Salmo 22:24 e Isaías 53:12).
Tem-se, também, a compreensão de que podemos transformar o nosso lar, ou o local das nossas atividades, em um Tabernáculo Sacerdotal ao Senhor, pois, de antemão, já sabemos que “Ele nos fez reis e sacerdotes” (Apocalipse. 1:6; I Pedro 2:9) e, ainda, ter a permanente e viva visão de que em todas as circunstâncias que nos envolvem, na dependência d’Ele, Deus há de efetuar um grande livramento como acontecia com os valentes de Davi, II Samuel 23:10 e 12 –“E o Senhor efetuou um grande livramento”.
Bp. Agnaldo L. Sacramento